A função do planeta Saturno de amadurecer e nos fazer ver a realidade

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O texto a seguir foi escrito em 15/07/2020, durante uma oposição do Sol com Saturno, Júpiter e Plutão. Todavia, o conteúdo dele é atemporal, já que tem a ver com a função saturnina de nos fazer amadurecer e enxergar a realidade.

Um dos sinais de amadurecimento, algo ligado ao planeta Saturno, é quando você enxerga e aceita a realidade (a realidade é também regida por ele). Porém, não é um processo fácil. Crescemos com várias expectativas, e é frequente que tentemos olhar as coisas de acordo com elas. Com muita frequência, colocamos aquilo que “esperamos que seja” na frente do que é. Os tais “óculos cor de rosa”.

E, nos assuntos que fazemos isto, o despertar, em geral, é muito demorado (Saturno), e requer boas doses de coragem. Em um certo sentido, coragem tem a ver com Plutão, e estamos em uma semana em que o Sol coloca foco nestes dois planetas, bem como em Júpiter, que rege expectativas, e é por isto que estou abordando esta questão.

O que nos faz querer acordar de ilusões é a dor. Toda ilusão causa dor, mas é só quando ela fica profunda e insistente que algumas pessoas acionam dentro de si a coragem (Plutão) para ver as coisas como realmente são (Saturno), e não como gostariam que fossem (Júpiter, como a “melhor versão” de algo, ou Netuno, as ilusões).

Outras ignoram a dor, e seguem em frente em suas ilusões, não querem acordar, querem o tal óculos cor de rosa, mas a realidade, inexoravelmente, cedo ou tarde, vai chegar para elas também.

Mas, de um modo geral, quem está preparado para evoluir, diante da dor, se pergunta: “se esta situação está me causando dor, há algo errado, algo que não estou vendo, o que eu preciso VER?”. A resposta começa a vir para quem faz este tipo de pergunta. Vem através da boca dos outros, de uma entrevista na televisão, de um vídeo no Youtube, de uma consulta de Astrologia, de um processo terapêutico.

Começar a ver o que não se via descobrir que se iludiu, também causa dor. A realidade muitas vezes é feia, pobre e cruel. “Eu achava que era isto, mas não era nem remotamente, eu me enganei”, isto dói.

Aí, neste estágio, muita gente se sente vencido pela dor. Fica contemplando o feio, que, aliás, tem muito a cara de Saturno e de Plutão, e lamentando eternamente o que está vendo ou o que aconteceu. Todavia, isto não é seguir, integralmente, a lição de Saturno também. Olhar para o que é feio e ficar infindavelmente chorando porque aquilo é ou foi feio também não é maduro.

Novamente, a pessoa que está interessada em evoluir, amadurecer, se pergunta: “agora já vi a cara da realidade, em tal situação, e preciso me mover além disso, pois isto que eu vi é como é, e dificilmente vai mudar”. Isto atrai Plutão, que tem a ver com processos de regeneração. Mas uma regeneração conjugada com Saturno, isto é, pela persistência. Um querer mover-se, amadurecer, resolver um assunto, ir em frente. Que depende só de si mesmo, e não de mudar algo externo ou alguém.

Requer abrir mão de expectativas infantis, e até do “chororô” infantil, da lamentação. Tudo bem, a lamentação tem um tempo, é normal, é um processo de luto, de perda de expectativas, mas não se nunca passa.

“Ir em frente” requer ajustamento à realidade, algo saturnino, e um entendimento profundo da vida, algo plutoniano. O que a vida quer de mim? Por que me trouxe esta situação? O que era para eu aprender com ela? Para onde eu quero ir depois disso?

Boa parte das pessoas fica presa nos dois primeiros estágios que eu descrevi: ou não quer ver a realidade ou vê e fica chorando eternamente pela expectativa não atendida (o que, aliás, não vai adiantar nada, é como chorar pelo leite derramado).

Eu prefiro fazer parte do terceiro grupo, que tenta ver como é, que sofre por isto, mas que vai em frente. Este é um limiar, como expliquei, que requer maturidade (Saturno) e coragem (Plutão) para ser atravessado. Não são muitos os que cruzam esta linha. O que mais tem são lamentadores eternos de coisas que não podem ser mudadas. “Ele(a) me deixou há 10 anos e eu não o(a) perdoo”. Esta resistência só faz mal a quem a tem. Amar-se é buscar se regenerar (Sol/Plutão).

Algumas pessoas comentaram comigo que este texto tem a cara do que está sendo 2020 coletivamente, com o que hei de concordar. 😉

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