O intenso e dramático início de vida e carreira de Luis Miguel, o Sol do México, e seu mapa astral

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Em 2018, a Netflix lançou a série “Luis Miguel”, autorizada pelo cantor,  baseada em livro do escritor e jornalista Javier León Herrera. A série fez sucesso enorme em países latino-americanos (nem tanto, porém, no Brasil), fazendo reviver a história daquele que foi apelidado de “Sol do México”, cuja carreira estava um tanto apagada.  Todavia, a obra revelou passagens muito sombrias e dolorosas da vida do ídolo. Mas também mostrou que Luis Miguel conseguiu o feito de fazer sucesso em três etapas da vida, como criança, adolescente e adulto, algo muito difícil no show business, em que a passagem de uma etapa de vida para uma outra pode significar estar fora do jogo. A série permite entender seu mapa astrológico à luz dos acontecimentos que passou.

O “menino Sol”

De acordo com dados obtidos em biografias, o cantor Luis Miguel, que vendeu mais de 100 milhões de álbuns na sua extensa carreira, nasceu em 18/04/1970, às 23h30, em San Juan, Porto Rico, filho da modelo italiana Marcela Basteri e do cantor, músico e compositor espanhol conhecido como Luisito Rey (na verdade, seu nome era Luis Gallego Sánchez).

A série retrata em seu início a difícil vida da família Gallego, sempre à beira de um despejo, com ganhos apenas para bancar despesas. O ambicioso pai de Luis Miguel, filho de um cantor de flamenco, e que desde criança viajou o mundo cantando com a família, vivia tentando se firmar na seara artística, mas sem lograr êxito. Foi neste ambiente de precariedade que um dos artistas mais famosos do mundo e seu irmão Alejandro cresceram, ficando, ao mesmo tempo, habituados à vida musical e artística.

Em um dado momento, depois de dar muito murro em ponta de faca, Luisito começou a investir no filho mais velho, um menino de excepcional beleza, dotado de natural talento e de uma bonita e afinada voz. Assim, em 1981, com apenas 11, Luis Miguel fez sua estreia na televisão, cantando uma canção mexicana famosa, mas desafiadora, “Malagueña Salerosa”, tomando totalmente a atenção com uma intensa e pungente interpretação, pela qual foi foi muito aplaudido.

Foi ali que Rey finalmente descobriria a trilha para o tão sonhado sucesso financeiro e artístico que não pôde alcançar por si mesmo: através do filho mais velho.

Infância roubada – e adolescência no limite

É por volta de 1981 que Luis Rey passa a investir no menino, ensinando tudo o que sabe sobre música, interpretação e performance. Começa um intenso treinamento rumo à profissionalização e perfeição, e o garoto passa a trabalhar como um adulto, sem quase direito a férias ou descanso, sempre envolvido em treinos e ensaios, se apresentando em todas as oportunidades possíveis, gravando até mesmo filmes. Esta última atividade algo que não lhe agradava muito, mas não havia como questionar o pai empresário.

Em pouquíssimo tempo, o garoto se converte em um sucesso internacional, saindo em turnê por diversos países, inclusive o Brasil, sempre cantando canções românticas, uma de suas marcas registradas para a vida toda, com notável expressividade, força e carisma naquela idade, como “1+1=2 enamorados”, um de seus maiores sucessos na época.

Todavia, o que há de escuro nisso é a forma impiedosa com que o pai submete o filho ao trabalho, sem folga, com o menino tendo que estudar nas poucas horas vagas que lhe sobram, sem poder gozar das brincadeiras da infância ou, mesmo, de mais contato mais frequente com a família, ou de simples descanso. Ou seja,  uma relação que mescla um sentimentalismo superficial de pai e filho, no melhor estilo “para inglês ver”, com uma dinâmica no fundo exploratória, de “use o máximo que puder, é hora de lucrar”.

A uma certa altura, o garoto prodígio passa a ser drogado pelo pai com efedrina para suportar o ritmo intenso, cansativo até para uma criança, normalmente cheia de energia. A mãe, segundo se nota na série, tentou colocar freios nas atitudes abusivas do marido, mas sem sucesso em uma época em que a mulher ainda ocupava um papel secundário, sem ganhos substanciais e em um universo ainda muito machista. Luisito Rey, um manipulador nato, sempre alegava necessidade de trabalho, de não ficarem à míngua, de cumprimento da agenda, de compromissos já assumidos ou qualquer outra desculpa.

Um dos piores momentos desta escalada é ver o adolescente Luis Miguel, já um cantor de sucesso internacional, com as dificuldades típicas das variações vocais da idade sem um único descanso para a voz, correndo o risco – sem saber – de perdê-la em razão dos excessos.

Mas como tudo isto aparece no mapa do cantor porto-riquenho que mais tarde se naturalizaria mexicano?

O mapa astral e a infância de Luis Miguel

O mapa astral do cantor latino mostra uma ênfase notável em Touro, inclusive com Vênus, o regente de Touro, neste signo. Touro é, por excelência, o signo da voz, e Luis Miguel é reconhecido no mundo pelo destaque nesta característica. Ele dominou plenamente seu instrumento de trabalho em todas as fases da sua vida, da infância, passando pela tortuosa adolescência, até a vida adulta.

Observe-se que os planetas taurinos ocupam a Casa 5, um setor artístico, onde também está adentrando o regente do Ascendente, Saturno. Seria uma vocação artística já traçada em sua vida, apenas predestinada a ser alçada pelo pai impiedoso? Que outra vocação teria se não tivesse sido cantor?

 

O Sol, por sua vez, está em Áries, signo que é a exaltação do Sol, que costuma reger a figura do pai na Astrologia, destacando, assim,  claramente o pai que o leva com obstinada energia (Áries) ao estrelato. Este pai dominante (note-se o Sol ocupando a Casa 4, o rei em sua casa, e, além disso, um Sol em seu signo de exaltação) não tem limites para alcançar o sucesso, o que aparece na oposição dissociada entre o Sol em Áries e Júpiter (retrógrado) em Escorpião, na Casa 10. Ele faz absolutamente o que quer o tempo inteiro, o que fica bem claro na série.

No pior uso desta oposição (um mapa astral não conta o que as pessoas fizeram dele, mas tão somente os potenciais contidos), pode-se esperar um pai estilo Zeus (Júpiter) misturado com Hades (Plutão), isto é, arrogante, sem limites, destrutivo e, finalmente, insaciável (Júpiter) por poder (Escorpião).  Esta é a mais perfeita descrição de Luisito Rey, que, no entanto, em apresentações públicas fazia-se de humilde, colocando-se como um assessor do menino. Mas era apenas mais uma interpretação, pois gerenciava com mão de ferro (Sol em Áries) a carreira do filho.

No trato com empresários, ora era puxa-saco, ora arrogante, algo também associado a Júpiter. Era persuasivo e insistente. Além disso, a série mostra que tinha um temperamento mandão, direto, sem firulas, impaciente e explosivo, bem ao estilo ariano. Porém, sabia também fazer charme e fingir-se de generoso, um atributo claramente de Júpiter, comprando presentes caros para a família quando podia, mas, no fundo, sendo intensamente egoísta, na pior expressão do Sol em Áries em oposição a Júpiter.

Júpiter, o planeta, por excelência, mais ligado ao sucesso, está na Casa mais elevada do mapa e, por sua vez, ligada a isto: a décima. Assim, realmente o garoto tinha o potencial de fazer sucesso em um país estrangeiro, o que é simbolizado por Júpiter. Curiosamente, o México tem por marca registrada as festividades dos dias dos mortos, remetendo claramente a Júpiter em Escorpião, e foi neste país que o garoto porto-riquenho estourou, passando-se por mexicano, uma ideia do pai. Além do talento do filho, Rey queria criar um mito, uma das mais avançadas técnicas de marketing. Luisito não tinha qualquer escrúpulo com mentiras e invenções, desde que levassem ao seu objetivo. Ele e os produtores perceberam que o México vinha passando por crises e que o menino poderia ser uma lufada de esperança e orgulho no meio daquele cenário. Acertaram em cheio. E puro Júpiter em Escorpião, a força em meio à crise.

Nasceria, assim, o “Sol do México”, uma clara referência à oposição Júpiter/Sol no eixo da carreira de Luis Miguel. Ser o Sol em um local “estrangeiro” (Júpiter), já que o garoto não tinha nascido no México, mas seria essencial fazer crer que sim, como se comprovou ser verdadeiro.

O lado não tão brilhante de ser o Sol do México

Todavia, Júpiter faz contraposição ao Sol na Casa 4. Tudo o que o menino tinha de intenso, carismático e apaixonante em suas apresentações mundiais (Júpiter em Escorpião) foi a custa de sua infância e privacidade (Casa 4), com um lar frequentemente tenso e autoritário (Áries), com muita cobrança e pouco carinho real por parte do pai.

A Lua conjunta a Plutão em Virgem, na Casa 9, mostra exatamente a infância sempre trabalhando (Virgem), ensaiando e viajando (Casa 9). A Lua também faz uma conjunção dissociada com Urano em Libra, reforçando também as dificuldades da ausência de uma rotina e de muita instabilidade.

Alguém poderia perguntar se a mãe de Luis Miguel é quem não teria feito um papel crítico em sua vida, já que a Lua rege a mãe. Ocorre que um planeta em um signo pode ser interpretado de mais de uma forma, e nem sempre uma Lua em Virgem é uma mãe crítica (na verdade, Rey é que exercia este papel de crítico e de pessoa que corrigia o garoto em suas performances). No caso de Marcela, a Lua em Virgem simbolizou mais uma “mãe auxiliar”, cuidando dos afazeres domésticos, da gestão da casa e até costurando roupas para os shows do filho (a habilidade manual é um dos potenciais de Virgem).

Marcela, sempre que podia, pontuava o que pensava e tentava poupar o filho dos excessos de Rey, mas era sempre passada por cima pelo “pai trator”, Sol em Áries/Júpiter em Escorpião, que alegava estar “trabalhando e trazendo dinheiro para casa”.

A Lua na Casa 9 é também a mãe de origem italiana, estrangeira, algo diferente em meio a uma trajetória familiar sempre em países de língua espanhola.

Na série, o atributo mais notável da mãe é a afetividade, não só com Luis Miguel, que ela apelida de “meu sol”, como com os outros filhos (mais tarde, nasceria um terceiro menino). É ela quem é terna e carinhosa com o garoto, tratando-o como a criança que é, em um contraponto à aspereza e praticidade do pai, que o vê como um mini adulto pronto para entregar resultados, e alega fazer com o menino o que fizeram com ele. E, se não o matou, a ele, Luisito, então, qual problema poderia ter para Luis Miguel? Era assim que pensava.

Destaca-se a Vênus taurina de Luis Miguel em trígono largo com a Lua, a mãe afetiva. Todavia, em Touro também está Saturno, a preocupação constante com dinheiro, vinda, sobretudo, do pai. Um homem obcecado por dinheiro, em todos os níveis, desde a questão da sobrevivência na escassez até o uso máximo quando está disponível. O dinheiro sempre foi peça fundamental na vida dos Gallego, e de Luis Miguel, cujo Ascendente é regido por este Saturno, que também tem a faceta ligada ao trabalho (Saturno) já na infância (Casa 5).

Acerca do Ascendente, que no caso de Luis Miguel seria Capricórnio, é sempre bom lembrar que rege a persona real, e não a pública, manifestada mais pelo Meio-do-Céu. Assim, apesar da inegável força e carisma nos palcos, simbolizada por Júpiter em Escorpião, fora dele parecia ser um menino tímido e reservado, diferente do pai, que era solar e exibido. Mais tarde, Luis Miguel mesclaria um lado afável e “boa praça” taurino, já que o regente do Ascendente está em Touro. Em nenhum momento da série parecia ser a estrela deslumbrada, à espera de um tapete vermelho a ser lançado a seus pés. Vivendo a dicotomia família versus vida pública desde cedo, sempre pareceu entender serem coisas separadas, o ídolo e a pessoa por trás dele.

Os traços do pai e da mãe em Luis Miguel

O cantor mexicano Luis Miguel (Foto: Divulgação)

Não há dúvida que os contantes treinamentos do pai, e o convívio com ele, deram a Luis Miguel uma invejável confiança ariana no palco , com seus movimentos sempre cheios de energia, e também carisma. E ele se firmou nesta arena também por ser profissional, a conjunção da Lua e Plutão em Virgem, e muito bom no que fazia.

Da mãe, porém, o cantor herdou o lado afetivo, e, porque não dizer, bom caráter e bom amigo, que se nota na série. Luis Miguel, antes de viver a espiral “bebida, mulheres e drogas” que parece cruzar o caminho de todo jovem cantor, quis namorar sério, uma possibilidade de Vênus em Touro, que aprecia a estabilidade e criação de laços. A dimensão afetiva e afetuosa sempre foi muito evidente em sua personalidade. Isto, muitas vezes, o livrou de situações difíceis, pois sabia conversar e negociar, resolvendo, assim, grandes enrascadas em sua vida com o uso de charme e afetividade.

Registre-se, ainda, que, do pai, Luís Miguel herdou a propensão a excessos, vinda da oposição do Sol a Júpiter. Há um episódio que o mostra adolescente, na Itália, acidentado-se com a moto emprestada do avô por excesso de velocidade. Muitos outros episódios excessivos na sua vida ocorreriam a partir dali, prosseguindo até a idade madura.

E como começou a ruir o castelo de areia?

A série mostra que até os 17 anos de idade, o cantor era totalmente dominado pelo pai e não conseguia enxergar quem era, o que é totalmente compreensível. Quem quer ver que o pai é um tremendo explorador, uma pessoa egoísta e sem escrúpulos? Rey punha e dispunha da carreira de seu filho e de todos os seus bens, e dava as cartas também na família.

Todavia, o castelo de areia começou a ruir antes de o adolescente completar 18 anos, quando uma namorada, mais velha do que ele e fotógrafa de sucesso, pouco ligada na fama estratosférica do jovem, começou a alertá-lo para atitudes manipuladoras e autoritárias do pai.

Esta namorada, aos olhos do pai dominador, subversiva aparece, justamente, nas proximidades de um trânsito de Urano, rebeldia, em quadratura com a Lua do mapa de Luis Miguel, isto é, a rebeldia pessoal despertada por uma mulher (Lua), com a possibilidade de uma grande mudança ou ruptura em um vínculo, que foi o que aconteceu entre pai e filho. Ela começa a mostrar para ele o valor da liberdade. Urano transitava em Sagitário, estando diretamente ligado a isto, contrapondo-se à quadratura Lua/Plutão em Virgem, que era o esquema altamente manipulativo de trabalho imposto pelo pai.

Nesta mesma época, Plutão estava em Escorpião, em oposição ao Saturno do cantor, preparando um profundo, definitivo e difícil destronamento e afastamento do pai, Saturno, em razão da imensa sujeira (Plutão em Escorpião) que emerge de forma chocante e inexorável como que debaixo de um tapete.

O filho descobre desvio de dinheiro e outras graves falhas de caráter do pai. Finalmente, percebe que era um fantoche nas mãos dele, ainda que muito bem manipulado e até agradado. Em uma das cenas, o pai presenteia o filho milionário com uma casa espetacular. Mas, enquanto incentiva o adolescente a se entreter ali com jovens da sua idade, desvia rios de dinheiro para contas secretas na Suíça e manda e desmanda nos rumos da sua vida e carreira.

Começa, então, uma das épocas mais complicadas para o artista, que chega a dever milhões em impostos (Plutão em Escorpião) por causa dos roubos do pai. Finalmente, aos 18 anos, ele rompe com o pai em sua função de empresário e, tempos depois, paternal, fazendo uma arriscada manobra de tomada de controle de sua vida pessoal e profissional. Faz isto por partes, mas sempre de maneira definitiva, à medida que vai tendo profundas e sucessivas decepções, até finalmente poder acreditar no retrato cruel – e verdadeiro – que passa a ter do pai e companheiro de uma vida inteira, em quem até então confiava cegamente.

E é neste momento de doloroso – e necessário – amadurecimento da adolescência para o início da vida adulta que ele começa a se preocupar realmente com algo sinistro,  um mistério que possivelmente permanecerá inviolável durante a sua vida toda: o desaparecimento de sua mãe, em 1986, dois anos antes da ruptura profissional, seguida de pessoal, com Luisito Rey.

Possível assassinato da mãe

Em setembro 1986, Marcela, que iniciou pedido de divórcio em 1985 e estava morando na Itália, se reuniu a última vez com o marido, a pedido dele, indo ao encontro dele na companhia do filho caçula de 2 anos para a Espanha, para assinar contratos do filho menor de idade. Seus planos incluíam ir até o Chile, onde se encontraria com Luis Miguel, com quem não falava há tempos. A relação dela com o jovem estava afastada pelo pedido de divórcio e pressões realizadas pelo pai para que cada um dos filhos escolhesse um lado. Como sempre esteve ao lado de Luisito, cantando, e tinha uma carreira musical, Luis Miguel escolheu o pai.

“Mas ela jamais embarcou para o Chile”, afirmou o biógrafo León Herrera. Uma das poucas vezes em que apareceu em público com o filho foi em março de 1985, na Argentina, antes do pedido de divórcio, em que o jovem cantou para ela a música com o nome dela, composta pelo pai.

Na época do sumiço de Marcela, Netuno passava por cima do Ascendente de Luis Miguel, sendo Netuno o regente das questões nebulosas, que ficam envoltas em fumaça, e daquilo que não se vê, e que muitas vezes também não se resolvem. Luis Miguel sequer chegou a entender, na época, que sua mãe tinha desaparecido. A confusão de uma família vivendo em diferentes partes do mundo conseguiu encobrir o desaparecimento da mãe.

Saturno, por sua vez, na época do desaparecimento, estava em cima do Netuno do mapa astral, notando-se que Netuno faz oposição a Marte, regente da Casa 4 do cantor, que rege um dos pais, e um potencial de fragilidade, drogas, alcoolismo ou vitimização, caso exato de Marcela, e também do próprio Luisito, usuário de cocaína. A oposição no mapa natal também mostra a dificuldade do cantor em ter clareza sobre a sua família.

Em 1986, Saturno também ingressava na Casa 12 do mapa do cantor, indicando o fim de um ciclo, que realmente iria terminar 2 anos depois, com Saturno cruzando o Ascendente, entrando na Casa 1, e dando-lhe uma inédita autonomia em sua vida. Saturno na Casa 12 muitas vezes coincide com épocas difíceis, de decomposição de uma fase da vida, como foi o caso do divórcio dos pais, que simbolizava a dissolução da família.

Plutão já se opunha a Saturno, outro trânsito de fim de ciclo, o fim de uma estabilidade e construção de anos (Saturno em Touro), e que, neste contexto, também pode indicar que algo muito grave pode ter acontecido com a mãe. O assunto é tão nebuloso que já se noticiou, posteriormente, que uma mendiga na Argentina seria, na verdade, a mãe do artista, mas isto nunca foi provado. Também se questionou a possível paternidade de Luisito Rey, e outro fator netuniano é a própria data de nascimento de Luisito, que muitos dizem não ter sido em 28/06/1945, o que geraria um mapa de um canceriano.

O escritor Javier León Herrera, que participou de reuniões com os roteiristas da série da Netflix, em Los Angeles, nos Estados Unidos, disse, sem dar maiores esclarecimentos, que o suposto final da mãe do artista teria sido “chocante” e que “é muito pesado, ainda mais para alguém (Luis Miguel) que já sofreu tanto”.

Lua/Plutão: um potencial de mãe em crise ou de mãe geradora de crises 

No mapa de Luis Miguel, a mãe é simbolizada pela Lua conjunta a Plutão. Não é um aspecto fácil. Pode indicar, dentre outros potenciais, uma mãe em permanente crise  – ou então geradora de crises. Era o caso de Marcela, em crise, inicialmente, pelos infindáveis problemas financeiros e estruturais da família, e, a partir da idade de 11 anos do filho, pelo comportamento exploratório e abusivo do marido, cuja vida girava em torno da carreira do filho e em fazer dinheiro. Ademais, Rey não escondia que saía com outras mulheres (o Sol oposto a Júpiter em Escorpião no mapa de Luis Miguel, os casos e aventuras sexuais do pai), levando-as inclusive em turnês, para humilhação de Marcela.

Antes de seu desaparecimento, a italiana deu à luz ao caçula da família Gallego, em uma gravidez complicada, interrompida com apenas 6 meses. A jovem mãe sofreu com uma longa espera da criança, deixada em uma encubadora, e também depois, se sentindo incapaz de dar conta dela, com o leite secando, mergulhou em depressão. A longa agonia do solitário e abusivo casamento culminou com o pedido de divórcio, momento em que Rey teria aproveitado para manipular a situação dizendo que Marcela teria fugido com um amante, o que nunca foi provado.

O desaparecimento da mãe se converteu, portanto, na ferida mais profunda do cantor. É grande a possibilidade que tenha sido assassinada de forma misteriosa. Marte, atos de violência, está em oposição a Netuno, sendo que Marte rege a Casa 4, um dos pais. Além de Netuno estar na Casa 8 derivada a partir da 4, simbolizando a morte misteriosa, possivelmente motivada por questões financeiras (Marte e Netuno colocados nas Casas 2 e 8 derivadas, eixo financeiro, a partir da Casa 4) . Mas, netunianamente, parece que isto nunca vai ser provado, pois o corpo de Marcela nunca foi encontrado. Marte, como regente da Casa 4 de Luis Miguel, oposto a Netuno, faz com que sua história familiar fique envolta em brumas, como a discutível paternidade de Rey  e o desaparecimento inconclusivo da mãe.

O difícil destino de crianças prodígio fabricadas por seus pais

Luis Miguel, tal qual Michael Jackson, com quem o pai Luisito chegou a tentar fazer uma parceria para cantar com o filho, é o caso clássico da criança prodígio fabricada por um adulto. Não teria chegado onde chegou sem a incansável energia e determinação do pai para que fosse atingido o sucesso, o qual lhe legou a sua experiência como músico e colocou a seu favor seu faro marqueteiro e para criar lendas. Mas que também explorou ao máximo a criatura talentosa para a qual transferiu seus genes.

Também Michael Jackson foi um produto de um pai exigente, que lhe usurpou a infância, e ajudou a criar um artista brilhante. Adulto, tentou se refugiar em uma fabulosa “Terra do Nunca” (nome do enorme rancho em que morava), mas que nunca foi o suficiente para apagar as marcas de uma infância abusiva, tendo se envolvido em insolúveis casos de escândalos de pedofilia. Muitas vezes, na perversa parceria entre a criança prodígio e seu pai criador de caráter inescrupuloso, este último parece dizer: “você não teria ido tão longe sem mim; e por isto vai carregar também para sempre também os danos que lhe fiz.” Michael tinha a conjunção Sol/Plutão em Virgem no mapa, enquanto Luis Miguel, Lua/Plutão.

A vida parece tender a cobrar um alto preço dos prodígios fabricados por seus pais. Luis Miguel teve um sucesso retumbante, mas também momentos de grande baixa, com envolvimento com drogas e escândalos. A série da Netflix permitiu antever o que havia por trás do largo sorriso de dentes afastados do lindo garoto que ficou conhecido como Sol do México. Não se apaga facilmente a marca de uma mãe desaparecida, possivelmente morta a pedido do pai ou até mesmo por ele, e de uma infância inteiramente manipulada e roubada.

Com força ariana, se refez e superou obstáculos em uma das épocas mais graves da sua vida, aos 18 anos, permanecendo no topo da carreira enquanto sua vida pessoal, financeira e familiar desmoronava, o que por si só é digno de aplausos, pois a maioria dos cantores não consegue “durar” tanto no tempo quando Luis Miguel, com seu stellium taurino, inclusive com Saturno, o senhor do tempo, lá. Touro fez com que ficasse eternizado nos clássicos e canções românticas, como os boleros que cantou na época em que mais vendeu discos e fez shows na sua carreira.

Em 1992, quando o pai tinha apenas 47 anos e foi lhe dada a notícia de que estaria morrendo, a série mostra, mas não se sabe se foi uma criação artística, que teria sido implacável entrando em um show ao invés de cancelá-lo, reproduzindo o que o pai fez com ele e com a família uma vida inteira. O show em primeiro lugar. The show must go on, na vida ou na morte.

Em 2021, vem a segunda temporada da série.

Artigo escrito em 15/08/2020.

No vídeo a seguir, eu falo da série sobre Luis Miguel.

Proibida a reprodução do texto sem a autoria da astróloga Vanessa Tuleski, sob pena de ferir direito autoral.

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