A simbologia astrológica do balé “O Lago dos Cisnes”

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“O Lago dos Cisnes” surgiu em Moscou, a partir de uma encomenda feita ao compositor Tchaikovsky para que ele executasse uma música sobre um balé de mulheres transformadas em cisnes. A estréia ocorreu em 1877 e foi um fracasso, tanto pela coreografia e cenografia, que não agradaram, quanto pelo fraco desempenho da primeira bailarina e também da orquestra.

Tchaikovsky

Entretanto, quase vinte anos depois, em 1894, o diretor do Teatro Mariinsky de São Petersburgo, o príncipe Ivan Alexandrovich, decidiu homenagear o grande compositor, que morrera um ano antes, solicitando que uma nova coreografia fosse feita. Então, em janeiro de 1895, a peça voltou a ser encenada e desta vez fez um retumbante sucesso.

“O Lago dos Cisnes” se tornou, nas palavras de pessoas do meio da dança, “o clássico dos clássicos”. Tal posição de destaque faz suspeitar que a peça tenha uma profunda conexão com a atividade do balé. Seria possível que esta ligação esteja presente no mapa de estreia de “O Lago dos Cisnes”?

Estreia de O Lago dos Cisnes – 20.2.1877, 19h – Moscou, Rússia. A data é exata, mas o horário é especulativo

Se situarmos o início da apresentação como ocorrendo entre 19h00 e 19h30 do longínquo 20 de fevereiro de 1877, teremos um mapa com Ascendente em Virgem regido por um Mercúrio conjunto a Vênus (arte e estética), ambos colocado na quinta casa, dos shows e espetáculos. Caso o início do espetáculo tenha sido às 20h00, o Ascendente será Libra e o regente, Vênus. Mercúrio e Vênus quadram Netuno, significador das águas, que, colocado em Touro, bem pode ser as águas paradas, como os lagos.

A quadratura de Mercúrio e Vênus a Netuno também responde pela decepção inicial que a peça provocou, e que, mais tarde, em uma reversão típica de Netuno, tornou-se um fascínio. Consertos e aperfeiçoamentos (prometidos por um possível Ascendente em Virgem) também tiveram de ser feitos para se chegar a este resultado. A ênfase taurina do mapa explica porque a peça se tornou um clássico. Touro simboliza as coisas duráveis, que podem servir de modelo por muito tempo.

A conjunção Mercúrio/Vênus ocorrendo no original Aquário também pode representar o fato de “O Lago dos Cisnes” ter lançado os tutus bandeja, as famosas saias curtas de tule que hoje são tão associadas à imagem do balé.

A origem nobre da peça, a encomenda a um famoso compositor, aparece no posicionamento de Júpiter, regente da quarta casa, em Sagitário, seu signo de domicílio. É o único planeta domiciliado.

É um mapa curioso, com oito planetas envolvidos em quatro conjunções. Uma delas é a do Sol com Saturno no signo de Peixes. Peixes e Saturno podem ser os sacrifícios (Peixes) e persistência (Saturno) tão característicos da profissão dos bailarinos. Se tivermos um Ascendente em Virgem, com estria às 19h00 ou 19h30, o Sol e Saturno também estarão na sexta casa, representando os ensaios, o trabalho duro (Saturno) diário (sexta casa). Peixes, onde ocorre a conjunção, também rege os pés, parte do corpo mais castigada no balé. Além disso, com Peixes e Saturno vemos a repetição de dois elementos fundamentais de “Cisne Negro”, que não deixa de ser uma versão moderna de “O Lago dos Cisnes”. A principal diferença é que a princesa do filme não deseja o príncipe, e sim, o sucesso.

O mapa é tão característico do que é o balé que chega a dar arrepios. O regente do mapa (quer seja Mercúrio ou Vênus) está em Aquário, signo do grupo. Sabemos que não existe balé sem um grande trabalho de equipe. Marte se encontra no atlético e vigoroso Sagitário, signo que governa as pernas. Há um destaque para Vênus, planeta da beleza e da arte, que aparece na conjunção com Mercúrio e que rege três planetas.

Também é chocante encontrar a conjunção de Lua com Plutão, uma outra marca do filme “Cisne Negro”. A conjunção lembra o traço obsessivo e focado (pois ocorre em Touro) necessário para se dedicar a uma atividade tão exigente. Além disso, tanto a peça quanto o filme falam de intrigas e competições entre mulheres, e de temas plutonianos como traição, perda e morte. E, claro, também de enganos (Netuno).

Afinal, que elementos astrológicos regem os cisnes?

Aquário é o signo que Rex Bills, no The Rulership Book, define como sendo o que rege os cisnes. É nele que está localizado o regente do mapa de estréia de “O Lago dos Cisnes”. Este é um signo grupal e cisnes são animais gregários.

Patos e galinhas são regidos pela Lua. A Lua , por sua vez, responde pela cor branca, à qual associamos os cisnes. Segundo o astrólogo Fernando Fernandes, estes animais também devem ter regência de Vênus (outro planeta em destaque no mapa da estreia), por cumprirem função ornamental. O astrólogo também aposta em Netuno, visto que, em suas palavras, “cisnes têm alguma coisa mágica, distanciada; são animais para serem contemplados, muito presentes em contos de fadas e em locais netunianos (parques com paisagens relaxantes que inspiram a imaginação).” Netuno quadra com Mercúrio/Vênus e rege o Sol pisciano do mapa.

É importante notar que o núcleo da peça é a rival da princesa se fazer passar por ela para ludibriar e seduzir o príncipe. Semelhanças e duplicações pertencem a Mercúrio, enquanto que enganos e disfarces, a Netuno.

Não se admira que uma peça que tem um mapa de estreia tão íntimo da história que pretende contar tenha se tornado um clássico.

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